
Coberturas e Telhados Verdes
Por conta dos vários benefícios proporcionados, entre eles, a gestão de águas pluviais (escoamento e significativa captação), a melhoria da qualidade do ar urbano (sequestro de CO2, produção de oxigênio e resfriamento por evaporação), manutenção da biodiversidade local (atração de insetos silvestres e aves), proteção das edificações (ações dos raios UV e de alterações bruscas na temperatura local), nos últimos anos os telhados verdes vêm sendo adotados como uma tecnologia fundamental para edifícios sustentáveis e solução dos efeitos das ilhas de calor urbanas.
Um dos telhados urbanos mais antigos foi construído em 1934, no centro da cidade de Nova York, no sétimo andar do Rockefeller Center. Atualmente, com o objetivo de reduzir as ilhas de calor, NYC fornece a redução de imposto de propriedade para proprietários de edifício que instalam telhados verdes (ver Figura 28);
Figura 28 - Telhado verde em Nova York
Fonte: http://www.hopesandfears.com/hopes/city/architecture/215637-green-roof-architecture
A primeira cidade do mundo a adotar legislação relacionada a telhados verdes foi Toronto, no Canadá. Essa lei resultou em 1,2 milhão de metros quadrados verdes em diferentes tipos de construções, assim como na economia de energia de mais de 1,5 milhão de kWh por ano para os proprietários dessas edificações. Copenhague foi a segunda e apresenta a meta de cobrir de vegetação os terraços das cidades com o objetivo de ser carbono zero no ano 2025[27]. Em 2016, São Francisco foi a primeira cidade dos EUA a tornar os telhados verdes obrigatórios para novas construções.[28]
Quanto à disseminação do emprego dessa tecnologia citamos o que parece ser resultado da consolidação da instalação desse tipo de solução para coberturas na Alemanha, país esse que está até mesmo utilizando uma nova tecnologia de sensoriamento remoto (imagens de alta resolução) para a identificação de telhados verdes já existentes e os locais potencialmente favoráveis para novas instalações (ver Figura 29). Foram divulgados resultados de uma verificação realizada na cidade de Munique, indicando que 21% de todos edifícios nessa cidade já estão cobertos por um Telhado Verde; também que a área total já ultrapassa 4 milhões de metros quadrados e que ainda existem grandes áreas de telhados planos (13,2 milhões de metros quadrados) onde a instalação de Telhados verdes pode ser avaliada e considerada. Inventário de telhado verde e análise potencial.
Figura 29 - Inventário de telhado verde e análise potencial
Fonte: The International Green Roof Association em: http://www.igra-world.com/links_and_downloads/images_dynamic/IGRA_Guideline_Green_Roof_Policies.pdf
Além da Alemanha, alguns países europeus: a Suíça, os Países Baixos, a Hungria, a Suécia e o Reino Unido, têm associações que incentivam a aplicação de telhados verdes. A cidade de Linz na Áustria paga os construtores para instalar essas soluções. A Suíça apresenta até uma lei federal sobre telhados verdes, sendo a aplicação obrigatória para novas edificações. A Grã-Bretanha começou lentamente, mas as políticas sobre essa questão ganharam força, especialmente em Londres e Sheffield[29].
Em 2008 a cidade de Nova York e o Estado de Nova York aprovaram uma lei que determina a redução do imposto predial de um ano (o Green Roof Tax Abatement) para os proprietários que instalam telhados verdes em suas edificações, com validade até 15 de março de 2018. Outros municípios também oferecem programas específicos para incentivar a implantação de telhados ecológicos, como o Fundo de Empréstimo Rotativo do Bronx (RLF), que concede empréstimos sem juros de até US $ 100.000 a empresas e proprietários de imóveis para incentivar a implantação dessas medidas[30].
Em Taiwan políticas governamentais também estimulam o desenvolvimento de telhados verdes estabelecendo metas para reduzir as emissões de carbono das cidades e mitigar os efeitos das ilhas de calor urbanas.
Em Recife, no Brasil, a Lei Municipal 18.112/2015 sancionada no dia 13 de abril determina o plantio de vegetação nas lajes dos edifícios, com o objetivo de incrementar as áreas verdes na cidade e diminuir os efeitos do calor. A lei obriga novos prédios residenciais, com mais de quatro pavimentos e com área coberta acima de 400 metros quadrados, a implantarem telhados verdes em suas coberturas. Na mesma linha, a prefeitura também sancionou a lei nº 18.111/2015, destinada a ampliar as áreas verdes ao redor de parques e praças da cidade. Novos empreendimentos posicionados ao redor de 340 praças e parques deverão reservar um recuo de dois metros na parte da frente das construções para arborização[31].
Quanto a viabilidade de implantação em massa dessa tecnologia nas regiões centrais de São Paulo, MENDES (2014) afirma que apesar da carência de vegetação nesses locais e da ausência de espaços livres para plantio de novas unidades, a colocação de tetos verdes exige cuidado técnico, por conta da idade dos edifícios.

