
Identificação e Quantificação
No que diz respeito à identificação e quantificação das ilhas de calor urbanas, constatamos que existem três tipos de temperaturas que podem ser verificadas. A temperatura do ar local, o que corresponde ao ambiente compreendido entre o solo e o topo de árvores e edifícios, capaz de representar sensações térmicas reais sentidas pelas pessoas nesse ambiente; a temperatura das superfícies externas dos elementos que compõe a cidade, como áreas de trânsito, paredes e coberturas, entre outras, que representa a energia térmica emitida por cada uma dessas superfícies; e finalmente os chamados padrões de temperatura sazonais e diários, que definem as diferenças de temperaturas diurna e noturna relacionadas às estações do ano. Cada tipo de temperatura pode requerer determinados tipos de solução e/ou instrumentos/equipamentos para ser medida. Como exemplo de medições da temperatura local, citamos um levantamento realizado em Madison, Wisconsin[12], entre 2012 e 2013, em que pesquisadores instalaram 150 sensores de temperatura e umidade relativa do ar a uma altura de 3,5 metros em postes de iluminação pública e outros locais, com medições sendo realizadas a cada 15 minutos, cujos registros permitiram compreender o comportamento do clima urbano quando os efeitos das ilhas de calor presentes são somados a episódios de calor extremos e prever os riscos à saúde de pessoas expostas a essa condição.
Outro levantamento de altas temperaturas, realizado pela Agência de Proteção Ambiental da Califórnia[13], com o intuito de verificar quais áreas desse estado eram as mais afetadas, definiu Los Angeles, em parte por conta da urbanização, como “um arquipélago de calor urbano”, por conta da cidade se parecer como uma “cadeia inteira de ilhas de calor urbanas que se cruzam” (ver Figura 8).
Figura 8 - Temperaturas urbanas da ilha de calor na região metropolitana de Los Angeles
Fonte: https://www.scpr.org/news/2015/09/21/54511/la-area-has-highest-urban-heat-island-effect-in-ca/
Por meio de dados de satélite, que segundo a NASA possibilita medições muito mais uniformes, uma pesquisa realizada em 2010, indicou que as cidades agregadas, densamente desenvolvidas, produzem ilhas de calor urbanas mais fortes do que cidades em expansão com menor densidade de desenvolvimento[14]. Já nas cidades da Ásia, um estudo utilizou três tipos de dados de sensoriamento remoto, Landsat TM, Landsat ETM + e Landsat OLI-TIRS, para capturar o comportamento do calor urbano e analisar a intensidade de calor urbano da cidade de Tangerang em 2001, 2012, 2013, 2014, 2015 e 2016. O resultado mostrou que, com base na radiação solar, essa intensidade variou a cada mês e que a ilha de calor urbano, que cobria apenas uma pequena parte da cidade de Tangerang em 2001, aumentou significativamente e atingiu 50% da área da cidade em 2012 (ver Figura 9).
Figura 9 - Ilhas de calor urbanas em Tangerang entre 2001 e 2012
Fonte: http://www.iopscience.iop.org/article/10.1088/1755-1315/47/1/012039/pdf
LUCENA et al. (2012) analisaram a expansão do fenômeno ilha de calor no espaço geográfico da Região Metropolitana do Rio de Janeiro em um intervalo de 30 anos (1980, 1990 e 2000). A análise foi realizada a partir de mapas termais da temperatura da superfície continental (TSC) gerados de compósitos de imagens de satélite Landsat. A pesquisa detectou grande crescimento de áreas afetadas. A Figura 10, a Figura 11 e a Figura 12 apresentam o resultado da evolução do fenômeno nessa na região.
Figura 10 - Evolução da ICU na RMRJ - década de 1980
Fonte: www.periodicos.ufam.edu.br/revista-geonorte/article/view/2475/2283
Figura 11 - Evolução da ICU na RMRJ - década de 1990
Fonte: www.periodicos.ufam.edu.br/revista-geonorte/article/view/2475/2283
Figura 12 - Evolução da ICU na RMRJ - década de 2000
Fonte: www.periodicos.ufam.edu.br/revista-geonorte/article/view/2475/2283
Ainda nesse contexto citamos Lombardo & Freitas (2008), que verificaram a evolução das ilhas de calor em São Paulo em áreas de menor vegetação na cidade, por meio da utilização de imagens de satélite de alta resolução.




