
Efeitos
As ilhas de calor urbanas podem comprometer significativamente o microclima e a saúde das pessoas que habitam determinado local, resultando muitas vezes no comprometimento da infraestrutura da cidade e gerando um verdadeiro problema de saúde pública.
O microclima pode ser afetado de diversas formas, como alterações nos índices de umidade e na diminuição da intensidade de ventos locais, apresentando elevação na temperatura, assim como ocorrência de tempestades, inundações e mudanças nos respectivos ecossistemas. Segundo PIVETTA (2012), as ilhas de calor urbanas potencializam as chuvas vespertinas na região metropolitana de São Paulo (ver Figura 13), podendo provocar cargas de água torrenciais onde a estrutura urbana (solo local) é incapaz de absorvera-las, sendo consequentemente acumuladas e direcionadas para outros locais, o que promove a ocorrência de enchentes.
Figura 13 - Aumento de chuvas fortes em São Paulo
Fonte: “Da garoa à tempestade” / Revista FAPESP/ Marcos Pivetta/ Maio 2012/ Ed. 195
Por conta, principalmente do uso de automóveis, além de outros fatores, as quantidades de ar quente surgem em maior concentração nas áreas centrais das cidades, onde o poder de dispersão dos poluentes presentes na atmosfera se apresenta prejudicado, e por isso, acabam ficando retidos na camada de ar mais próxima do solo (troposfera). Em situações de ocorrência de inversão térmica, a qualidade do ar nos centros urbanos piora significativamente[15], podendo comprometer a saúde dos habitantes. O bem-estar físico da população de uma cidade pode ser afetado pela alta temperatura local, capaz de comprometer o sistema termo regulatório, cardiovascular, causar insolação e doenças cardiorrespiratórias (O’Malley, Piroozfar & Pomponi, 2015). O agravamento das ondas de calor, conhecidas como canícolas, provoca o aumento da mortalidade de idosos e de pessoas que apresentam a saúde comprometida por doenças mentais ou de mobilidade, visto que estas têm a capacidade de regulação da temperatura corporal e de percepção da carência de hidratação do próprio organismo comprometidas. Moradores de rua, bastante vulnerabilizados por suas carências, do mesmo modo como em situações de inverno mais rigoroso, também entram nesse grupo de risco. No geral, é frequente a ocorrência de doenças respiratórias como pneumonia, bronquite e asma, além da desidratação. A proliferação de mosquitos transmissores da Dengue e outras similares também é favorecida por conta da elevação da temperatura.
